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sexta-feira, 28 de março de 2008

GORDOOOOOOS Negócios.....

Por Tania Menai

Não foi à toa que o americano Morgan Spurlock, diretor e protagonista do documentário "Super Size Me", ganhou tantos prêmios. Durante um mês, em 2004, o cineasta se entupiu de BigMacs e porções de batata-frita gigantes, levando seu cardiologista à loucura, para revelar dados alarmantes sobre a economia da obesidade nos Estados Unidos: por pouco dinheiro, come-se muito. E por um pouquinho mais, come-se super size. Isso afeta, principalmente, as camadas mais pobres da sociedade, o que também acontece em países como o Brasil. "Super size" já virou verbo (to supersize it). E, com isso, cresce uma indústria, no mínimo bizarra, para atender a esta nova nação de gigantes. As opções incluem volantes, privadas e até caixões de defunto. Tudo oversize. Tudo plus-size. Tudo kingsize.

Costuma-se culpar o McDonalds pelo problema. Mas verdade seja dita: além de o país ser feito para consumo de carros, em cidades que vão de Las Vegas à Filadélfia, americanos entopem-se nos chamados "All-you-can-eat", onde paga-se uma bagatela para entrar de cabeça em bufês banhados em gordura. Em New Orleans, é mais fácil comprar uma camiseta XXL (Extra-extra-large) do que uma tamanho médio. A epidemia tem roubado cinco anos de vida dos americanos; doenças decorrentes da obesidade matam quase 400 mil pessoas por ano. Esta é a segunda causa de morte que poderia ser prevenida, perdendo apenas para o cigarro.

Segundo o Center for Disease Control and Prevention (CDC), 71% dos homens, 61% das mulheres e 33% das crianças estão acima do peso nos EUA. Ao longo dos anos 90, os americanos inflaram em 10 quilos, na média. Mais de 20% entram na categoria da obesidade. O governo gasta 117 bilhões de dólares com isso, incluindo pensão para quem é afastado do emprego. Mas o assunto não foi mencionado sequer uma vez nos debates entre George W. Bush e John Kerry na época que precedeu as eleições, em 2004.

Até mesmo as companhias aéreas americanas já sofrem com a epidemia de obesidade. Um estudo do governo revelou que, só no ano 2000, o aumento de peso dos passageiros foi responsável por um gasto extra de 275 milhões de dólares para queimar 350 milhões adicionais de galões de combustível – isso deixou um rastro de 3.8 milhões de toneladas de dióxido de carbono no ar. Porém, enquanto alguns passageiros pagam os quilos extras de suas bagagens, ninguém paga a mais por excesso de barriga. "Não obrigamos obesos a comprar dois assentos – são eles que decidem", diz, por telefone, uma agente da American Airlines. "Oferecemos extensões para cintos-de-segurança", avisa ela, que não deve ter assistido ao episódio de "Seinfeld" em que Elaine fica encurralada em seu assento ao lado de um passageiro obeso.

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