O Que temos

terça-feira, 8 de abril de 2008

GORDURAS TRANS

Gordura trans

PUBLICIDADE
Fresquinho, crocante, viciante... Se esse é o perfil do biscoito que você ama, desculpe informar, mas ele é um forte candidato a carregar a grande vilã do momento

por Eliana Contreras

Hoje ela é a pior das gorduras. Por isso, a ordem é: fique longe da trans! Para ter uma idéia, os efeitos maléficos dessa substância superam até mesmo os da temida gordura saturada. Ou seja, a trans ameaça ainda mais a saúde do coração e as medidas da cintura. E pior: está embutida na maior parte dos fast foods e alimentos industrializados, como os que ilustram estas páginas.

De onde vem essa inimiga? Da gordura vegetal quimicamente alterada. “O óleo vegetal passa por um processo industrial de hidrogenação (recebe átomos de hidrogênio) para ficar sólido em temperatura ambiente”, explica a engenheira agrônoma Marisa Regitano d’Arce, do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição da Esalq/USP. Além de deixar a margarina cremosa, a batata frita crocante e evitar que o recheio do biscoito derreta na prateleira, a gordura trans realça o sabor dos alimentos, tornando- os viciantes. Sabe aquela história de que é impossível comer um só?

A boa notícia é que a indústria alimentícia, depois de ser obrigada a divulgar a presença da vilã em seus rótulos, está altamente empenhada em achar substitutos mais saudáveis. Algumas marcas (veja no quadro Trans free) já conseguiram essa proeza ao usar gomas naturais e óleos vegetais como o de palma, que, apesar de saturado, é menos ruim. Mas ainda pode demorar para que a gordura trans suma de todos os produtos industrializados. Até lá, é bom você ler as embalagens com os olhos bem abertos.

LIÇÃO DE CASA: LER O RÓTULO SEMPRE!A obrigatoriedade de informar na embalagem do produto a quantidade de gordura trans contida numa porção considerada normal para uma pessoa, em vigor desde agosto, foi uma iniciativa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para proteger o consumidor. “O objetivo dessa portaria é permitir que as pessoas possam controlar melhor o consumo desse tipo de gordura”, esclarece Antônia Aquino, gerente de produtos especiais da Anvisa. A medida é importante para brecar o ritmo de crescimento de obesos no país. Mas atenção: os fabricantes têm até janeiro de 2007 para modificar o rótulo. Por isso, você ainda pode ficar sem saber a dose de trans embutida em alguns produtos. Nesse caso, vá até a lista de ingredientes (abaixo da tabela nutricional). Se achar as palavras “gordura hidrogenada” ou “parcialmente hidrogenada”, não hesite em devolvê-lo na prateleira e procurar uma outra opção sem essa gordura. Nos rótulos atualizados, pode acontecer da tabela nutricional informar que tem zero de trans e existir gordura hidrogenada na lista. Isso significa que o produto tem menos de 0,2 grama do ingrediente por porção – quantidade insignificante, segundo a Anvisa. E, portanto, o fabricante está autorizado a informar no rótulo que seu produto é livre de trans.


SONHO DE PADARIA, PASTEL DE FEIRA... QUASE TUDO TEM A GORDURA INIMIGA
Você não precisa ficar sem nadinha dessa gordura. Mas é importante evitar exagerar na dose. Na verdade, deve restringir o consumo a quantidades moderadíssimas. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a porção dessa gordura não deve ser mais de 2% do total das calorias diárias – o equivalente a 2 gramas em uma dieta de 2 000 calorias (para um adulto). Uma medida muito fácil de ser ultrapassada. Se você comer um pacote pequeno de batata frita de fast food já vai engolir 3 gramas da vilã. O sonho da padaria e o croquete dos restaurantes não ficam atrás. “Essa gordura é muito usada em frituras, no lugar do óleo, porque é barata, não faz fumaça, deixa o alimento crocante e pode ser reutilizada várias vezes”, conta Marisa. Por isso, da próxima vez que você for a uma feira livre e passar na barraca de pastel, fique esperta!

SEM TRANS ATÉ A BARRIGA PODE SUMIR. SERÁ?A trans foi acusada de ficar estocada especialmente na barriga. Socorro! Mas alguns especialistas ainda acham que é cedo para jogar toda a culpa da gordura abdominal nesse ingrediente. “Em excesso, qualquer gordura cria volume no abdômen”, rebate Rosana Perim, gerente do Departamento de Nutrição do Hospital do Coração (Hcor), em São Paulo. Os próprios cientistas, que relacionaram trans com barriga extra, admitem que a confirmação depende do prosseguimento dos estudos – até o momento feito apenas em primatas, na Universidade Wake Forest, nos Estados Unidos.

PERGUNTE AO GARÇOM: TEM TRANS NO CARDÁPIO?Está comprovado, porém, que a gordura vegetal hidrogenada altera o colesterol. E o estrago vai além do causado pelo consumo da gordura saturada: a trans eleva o LDL (o colesterol ruim) e diminui o HDL (colesterol bom), o que facilita ainda mais o entupimento das artérias. “Por isso, tem o poder de aumentar sensivelmente o risco de aterosclerose, infarto, AVC (acidente vascular cerebral) e outras doenças cardiovasculares, problemas cada vez mais comuns entre os jovens”, alerta o cardiologista e nutrólogo Daniel Magnoni, do Hcor. Lá fora, o cerco à gordura trans está ainda mais fechado. “Na Europa e nos Estados Unidos, os restaurantes também estão sendo obrigados a reduzir esse tipo de gordura no cardápio para 0,5 grama por prato”, conta o cardiologista, que acaba de voltar do 28º Congresso da Sociedade Européia de Nutrição Clínica e Metabolismo, em Istambul, na Turquia. Por aqui, infelizmente, ainda não existe uma previsão para o controle oficial no uso de trans nos restaurantes e nas lanchonetes. “Isso vai depender da consciência dos proprietários”, diz Marisa Regitano. Mas você pode colocar seu direito de consumidor em prática, perguntando ao garçom se tem trans no cardápio. Por que, não?

Um comentário:

Anônimo disse...

Genial post and this enter helped me alot in my college assignement. Thank you as your information.